domingo, 2 de abril de 2017

O nascimento da Mujica! Um Guia prático para fazer cerveja em Curitiba com toda comodidade.



A primeira Mujica AIPA, de 2015


O gosto pelas cervejas artesanais despertou em mim a vontade de arriscar também a produzi-la. Em 2015, eu e alguns amigos (Alexandre, Armando, Mateus e Roni – e Maurício posteriormente), decidimos que era hora de nos arriscarmos nessa seara e produzirmos nossa própria cerva, escolhendo inclusive o tipo dela.  

Entretanto, tínhamos receio de que, passada a empolgação inicial, desistíssemos de continuar a produção. Foi então que nos deparamos com uma ótima opção para nosso caso: lugares que ofereciam todos os insumos e equipamentos necessários, além de um "professor". Uma espécie de escola-cervejeira. Entre a comodidade de termos tudo preparado e ainda contarmos com um tutor cervejeiro de um lado, e todo o desafio e dificuldade que teríamos (além do investimento) do outro lado, acabamos optando pela alternativa mais fácil.

Talvez a maior dificuldade nesse primeiro momento tenha sido a escolha do nome que daríamos a nossa cerveja: depois de semanas de debates, acabamos aceitando a sugestão de uma das esposas e homenageando Mujica, ex-presidente uruguaio que refletia bem o nosso espírito.

Eu e meus amigos responsáveis pela Mujica
A primeira leva da Mujica, uma AIPA (American India Pale Ale) com dry hoppping para caprichar no aroma, foi feita na Hop’n Roll, famoso bar cervejeiro com temático rock em Curitiba, que oferece para seus clientes essa ótima alternativa de elaborar a própria cerveja. Para que a brassagem não demorasse muito tempo, na Hop’n Roll utilizam o processo conhecido como Brew in a Bag. Esse método poupa muito tempo do processo de brassagem e, embora possa ter um pouco menos de rendimento, acaba facilitando ainda mais o processo.

Com todo esse apoio, o resultado foi melhor do que esperávamos: a Mujica AIPA apresentou muito aroma, com notas cíitricas e de maracujá. Diante do resultado, decidimos continuar nossa aventura cervejeira.

Para a segunda e terceira brassagem, optamos por conhecer um outro espaço que tinha acabado de abrir (em 2015). Tratava-se da Beermind, uma espécie de oficina cervejeira em um espaço bem amplo que conta com toda a facilidade para quem, como a gente naquela época, queria fazer do processo de produção de cerveja, um momento de lazer.

Toda a orientação e comodidade encontrada me deixou curioso sobre a história daquele lugar, já que um dos assuntos que mais me interessa é a história por trás dos diferentes atores que têm contribuído com a verdadeira revolução da cerveja artesanal em curso.

Richard na brassagem na Beermind
No caso da Beermind, foi preciso retroceder 10 anos para desvendar suas origens, quando Richard Budal da Costa (um dos irmãos fundadores), em 2005, partiu para fazer MBA em uma pequena cidade perto Clevenlad, Ohio, nos EUA. Enquanto dedicava grande parte do seu tempo para os estudos, conheceu um vizinho que tinha como hobby fabricar sua própria cerveja em casa. Curioso, Richard resolveu conhecer esse processo e aprender também.

Embora não fosse como hoje, naquela época já pipocavam em diversos cantos dos EUA jovens se arriscando no processo de brassagem. Além disso, já existiam diversas microcervejarias, como o caso da Great Lakes, de Cleveland, que Richard passou apreciar. Ele foi se aprofundando no assunto e, em pouco tempo, começou a fazer suas cervejas no pouco tempo livre que dispunha. Nem o pequeno espaço disponível em uma cozinha de apartamento foi suficiente para diminuir seu entusiasmo inicial.

Finalizado o MBA, retornou ao Brasil e conseguiu um emprego na sua área profissional. Mas embora tenha deixado nos EUA todos os equipamentos necessários para fazer cerveja, aquela vontade de continuar sua produção caseira de cervejas permaneceu e mesmo diante de maior dificuldade em encontrar insumos e material necessário, conseguiu retomar a fabricação das cervas para consumo próprio.

O tempo foi passando, Richard fazendo suas cervejas e foi percebendo que, embora muitas pessoas se animassem para também ingressarem nessa atividade, assim que passava a empolgação inicial, desistiam, vencidos não diante não só do trabalho que dava para o processo de produção em si, mas principalmente pelo empenho necessário para organizar e limpar tudo assim que o trabalho tivesse, aparentemente, concluído.  

Foi então que Richard e João (seu irmão) tiveram a ideia de criar um espaço que funcionasse como uma espécie de escola-cervejeira, destinado fundamentalmente àqueles que quisessem fazer a própria cerveja sem a necessidade de adquirir o equipamento e tampouco, cuidar da organização. Nascia a Beermind.

Processo de definição da receita da cerveja
Para a elaboração da receita de cada frequentador, a Beermind (assim como a Hop’n Roll e outros tantos cervejeiros caseiros) utiliza o programa Beer Smith II, que permite a livre escolha de diversas características da cerveja a ser produzida (cor, amargor, graduação alcóolica, estilo, etc.) para definição da receita. E foi justamente nesse espaço, amplo, bem estruturado e organizado, com todos os insumos já devidamente organizados, que pudemos fazer as outras duas outras versões da Mujca com mudanças dos seus estilos.
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Ou seja, sou testemunha do papel importante desempenhado por essas espécies de escolas-cervejeiras na difusão da cultura cervejeira, pelo menos em Curitiba. Com locais como essas escolas-cervejeiras fica muito fácil ingressar no mundo das cervejas artesanais. Os apaixonados por essas cervas agradecem.

Nota: [1] para aprender mais como fazer pelo processo brew in a bag, sugiro esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=AehG0AbjTz8

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