quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Tô me guardando pra quando o carnaval passar

Turbinada IPA, aquecendo os motores para o carnaval

O blog da revolução cervejeira fará um pequeno intervalo, aguardando o carnaval passar, mas com novidades já engatilhadas.

A primeira delas será um relato especial sobre a oficina de cerveja artesanal prevista para ocorrer no Psicodália, festival multiculural independente ocorre durante o período de carnaval. Embora ainda não tenha vaga garantida, pretendo realizar essa oficina para verificar mais algumas dicas em relação ao processo produtivo da verdadeira cerveja artesanal, feita na panela, na sua forma mais simples. Para saber mais informação sobre essa oficina, vale a pena checar aqui: http://www.loucosporales.com.br/2016/06/a-maneira-mais-simples-de-fazer-cerveja.html

A segunda novidade refere-se à uma breve apresentação da Associação dos Cervejeiros Artesanais Paranaenses, conhecida como Acerva-PR. Estive pessoalmente na última quarta-feira (dia 22/02) em um dos eventos que a Acerva-PR organiza mensalmente, com compartilhamento de cervejas entre os seus associados. A importância dessa associação que tem como objetivo principal "aproximar e unir pessoas apaixonas pela arte da produção de cerveja nacional" (http://acervapr.com.br/a-acerva-pr) merecerá, em breve, uma atenção especial.

A terceira e última novidade refere-se a um caráter histórico em relação à produção de cerveja artesanal, em especial, àquela chamada de alta fermentação. Com base em um estudo da historiografia bem documentado, enfatizarei alguns aspectos que ajudam a entender as dificuldades que as cervejas de alta fermentação (as chamadas ales) enfrentaram nesse país no início do século XX, quando perderam espaço para a standard american lager.

Enfim, aproveitem o carnaval para conhecer novas cervejas, e aguardem que semana que vem teremos novas postagens.

Um brinde e até quarta-feira de cinzas, com nova postagem.



sábado, 18 de fevereiro de 2017

Qual o mistério da Xamã?

Kûarasy e Îasy (fonte: vídeo promocional https://vimeo.com/202228851)

Grafite com Leminski no Fidel
Um dos meus bares prediletos em Curitiba é o descontraído Fidel. Trata-se de um local que, além de abrir espaço para bons músicos (toda sexta, por exemplo, tem chorinho da melhor qualidade), possui um ambiente agradável, sem fronteiras entre a área interna e a calçada à frente, por onde circula seu fiel público. Na entrada, um grafite com Paulo Leminski já dá pistas sobre o clima do bar. Como se não bastasse, Carlos (proprietário) e sua equipe sempre mantém à disposição, além de cervejas para todos os gostos, algumas opções de cerveja artesanal servida nas torneiras. E foi lá que no ano passado fui apresentado às cervejas Xamã, mais uma ótima artesanal proveniente da região de Curitiba.
Com o costume de frequentar o bar e saborear aquela até então desconhecida cerveja para mim, sempre ficava com curiosidade para saber mais sobre a Xamã.

Até que no último domingo (12/02) tive a oportunidade de conhecer de perto a galera da Xamã quando organizaram, em conjunto com o CasaTreze Studio, o lançamento duas novas cervejas (Îasy e Kûarasy) em um descolado bar da Trajano (Purple Reis) no evento denominado Apamonama [1].

Helinho Brandão e Banda no Purple Reis 
Chegando lá, me deparei com um pub jovem, ambiente descontraído e com pessoal bem antenado. Além dos chopes artesanais servidos em torneiras, há cervejas em garrafas e, para comer, boas fatias de pizza. Naquele dia tinha ainda uma galera fazendo tatoos como parte da programação especial. No início da noite, o ótimo jazz do Helinho Brandão e Banda, figura carimbada da boa música curitibana. Ao que parece, ele toca todos os domingos no local.


Lula e Michel, cervejeiros da Xamã, no lançamento das beras
Junto do balcão, enquanto era servido, finalmente conheci dois dos três sócios responsáveis pela Xamã (Luiz “Lula” e Michel – o outro chama-se Leonardo). Além do fato dos três jovens serem amigos de longa data, e engenheiros químicos, descobri que Lula e Leonardo trabalharam antes, durante alguns anos, na Ambev. Já Michel trabalha em empresa de tratamento de água. Ou seja, conhecem por dentro não só toda a engrenagem de uma gigante indústria da cerveja, mas também de características fundamentais de seu processo produtivo e, com isso, adquiriram uma experiência a mais para, juntos, fazerem suas próprias cervas.

Em meados de 2014, resolveram fazer a cerveja como eles gostariam: com pleno controle sobre o produto, utilizando matéria prima de primeira e aproximando a cerveja da arte. Foi com esse intuito que, desde o início, buscaram estabelecer parcerias com coletivos/artistas da cidade a cada nova receita, misturando cerveja com arte de forma efetiva.

Ao longo de sua existência, antes desses últimos lançamentos, já tinham feito diversas parcerias, tais como:
-  English Pale Ale, com @vitorsquash, idealizador da marca;
- AmarguIPA, com Eduardo Milek, uma American IPA;
- SummerIPA, com Estelle Flores (@estelleflores), uma Session IPA;
- Boiuna, com Das Nuvens, uma Pilsen;
- Yunaluna, com Wake Up Colab, uma Dark IPA;
- Yagé APA, com CCC - Clube da Colagem de Curitiba;

Agora a Xamã tem como meta para meados de 2017, abrir  junto da pequena fábrica, localizada no Boqueirão, um espaço para receber degustadores e ampliar a produção. A depender do sucesso da empreitada, quem sabe poderão se dedicar exclusivamente a produção de suas beras, já que atualmente ainda dividem tempo com seus empregos durante a semana.

Tábua de cervejas oferecidas no evento,
com destaque para as duas da Xamã
Enquanto isso não ocorre, seguem criando novas cervejas em parcerias e rompendo paradigmas. Nesse domingo, pude degustar a Witbier Îasy (Lua em tupi antigo) e a Vienna Lager Kûarasy (Sol – em tupi antigo), resultado das parceiras com o CasaTreze Studio (@CasaTreze) e Rádio Treze (@RadioTreze). Entre as duas, por questões pessoais, me chamou mais a atenção a Kûarasy, uma Vienna Lager bem equilibrada e com notas caramelizadas sem perder o amargo decorrente do seu lúpulo. Ressalta-se que o nome desse estilo vem tipo de malte que usa. Já a Îasy tem a refrescância de uma tradicional Witbier, bem leve, aromas cítricos e final seco. Mas rompendo com a ortodoxia que às vezes caracteriza tradicionais cervejeiros, a Xamã procura estimular que os apreciadores arrisquem na degustação e misturassem as duas cervejas (na proporção que desejassem) para descobrir um novo sabor. Entrando no clima, aceitei a proposta, com a sensação de quem estivesse fazendo alguma contravenção. E confesso que o resultado me surpreendeu positivamente.

Essa abertura a novas propostas e o estreitamento com seu público ficaram bem caracterizados no vídeo promocional que lançaram na ocasião, resultado da parceria com o CasaTreze Studio. Recomendo que conheçam o vídeo,  disponível no Vímeo (para ver, clique aqui ou procure no Vímeo por Cervejaria Xamã).

Enfim, inovando na linguagem e nas cervejas, a Xamã apresenta-se, de fato, como outra boa alternativa de cerveja artesanal no mercado de Curitiba, reflexo de uma verdadeira revolução em curso não só nessa cidade, mas em grande parte do Brasil. Que seus cervejeiros continuem inspirados na busca por representar com sabor, a arte. Os apreciadores como eu agradecem.

Nota: [1] nome que vem do tupi antigo e significa misturar, remexer. 

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Abre alas que a Bertol quer passar

O cervejeiro Evandro Bertol e Julieta

Depois da postagem sobre as cervejas descobertas em Pato Branco, o cervejeiro responsável pela elogiada Bertol Witbier Siciliana entrou em contato comigo (ver http://revolucaoartesanal.blogspot.com.br/2017/01/witbier-em-pato-branco-e-outras.html). Trata-se de Evandro Bertol. Produz sua cerveja em casa mesmo e, embora resida em Curitiba, o único bar que até agora disponibiliza suas cervejas é o Mecânica Meat’n Beer, em Pato Branco.

Bastards Jean Le Blanc, degustada no Drakkar
Combinei de encontrá-lo para que pudesse descobrir – e relatar – mais detalhes sobre sua produção. O fato de fazê-la em Curitiba, relativamente perto de onde moro, mas só tê-la descoberto a 450 km daqui mereceria uma investigação. Seguindo sugestão do cervejeiro, marcamos de nos encontrarmos na Drakkar (https://www.facebook.com/drakkarbeerfood/), um bar cervejeiro que, como fica no bairro Água Verde (distante de onde resido e trabalho) e é relativamente novo, não conhecia. Ambiente agradável, diversas torneiras com artesanais paranaenses como a Bastards, Swamp e a Queen’s (essa última de Arapongas) e o som do violão de Fábio Elias (do Relespública) fazem do local mais do que um bar, mas um centro de divulgação das cervejas artesanais, já que inclusive serve constantemente como ponto de encontro dos cervejeiros. Gostei bastante. Entre as cervejas que tomei naquela noite, destaque para a Bastards Jean Le  Blanc, uma witbier bem turva e com sabor persistente, cuja cervejaria merecerá uma postagem específica. 

Foi nesse ambiente cervejeiro que conheci pessoalmente o responsável pelas cervejas Bertol, juntamente com sua família (a companheira Julieta e suas filhas gêmeas). Com o entusiasmo típico de quem produz suas cervejas artesanalmente, Evandro contou-me que aprendeu por conta própria, assistindo vídeos e lendo artigos na internet no final de 2012. Posteriormente fez alguns cursos específicos, para algum estilo ou ainda para identificar off flavors [1].
   
O que começou como um agradável hobby, foi ficando sério quando, incentivado por sua companheira, passou a inscrever suas cervas em concursos pelo Brasil afora. Sem maiores pretensões, o interesse dele, a princípio, era obter um feedback por parte dos jurados e poder aprimorá-las. Entretanto acabou conseguindo mais sucesso do que esperava: a Witbier Siciliana, em 2016, acabou finalista e medalha de bronze no Bierville 2016, concurso promovido pela cervejaria Opa de Joinville. Ou seja, não fui só eu que achei esta cerveja surpreendente quando experimentei em Pato Branco. Ele me contou que buscando aprimorar sua Witbier, optou por utilizar as semente do coentro importada (e com menor quantidade), trocando ainda a casca de laranja da receita tradicional por limão siciliano para dar um toque especial, aprimorando a fragrância cítrica mas mantendo as características deste estilo belga.

Baltic Porter Bertol
Além dessa, a Baltic Porter do Evandro Bertol também foi finalista em um Festival Brasileiro de Cervejas Artesanais de 2016. De modo geral, a Baltic Porter é um estilo híbrido entre a tradicional Porter inglesa, mas feita com fermentos da Lager, utilizado nos países do mar Báltico (Letônia, Lituânia, Estônia, Finlândia,...). Para minha sorte, fui gentilmente presenteado com uma garrafa dessas que estou experimentando neste exato momento, aproveitando uma noite chuvosa e com temperatura mais amena, ideal para esse estilo de cerva. Bastante carbonatada, 8,0% e 40 IBU, tem espuma persistente e uma coloração marron escura. A grande surpresa foi a identificação de coco queimado entre os maltes torrados característicos do estilo. Outra cerveja que surpreendeu positivamente o paladar.

E foi com esse repertório de artesanais que nos últimos meses Evandro Bertol deixou de fazer cerveja exclusivamente para consumo próprio e passou a entregar cervejas na Mecânica em Pato Branco, cidade natal onde encontrou espaço na Mecânica Meat’n Beer para isso. Ciente do potencial, atualmente está em busca de algum local para que possa produzir sua cerveja ao melhor estilo de um cervejeiro cigano [2]. Com essas qualidades de suas cervejas, certamente terá público em Curitiba. Os apreciadores de cerveja artesanal como eu agradecerão.

Notas 
[1] Off flavors são sabores indesejáveis em uma cerveja, defeito proveniente do processo de fabricação, ou do envasamento ou ainda armazenamento. Esses defeitos são sensorialmente perceptíveis e seus aromas e sabores estão descritos na roda sensorial de atributos. Sobre a roda sensorial, abordaremos em outra postagem. Muitos blogs e livros abordam o tema devido à sua importância, como por exemplo: http://www.escoladacerveja.com.br/voce-sabe-o-que-sao-os-off-flavors-das-cervejas/

[2] Cervejeiros ciganos são aqueles artesanais que, visando ampliar a capacidade de produção, acabam alugando espaço disponível em outras cervejarias. Para ir mais longe: http://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/o-que-sao-e-como-funcionam-cervejarias-ciganas/ 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Turbinada no Pilarzinho, Curitiba

A recomendada Pilsen Turbinada, degustada na frente da Beer Store

Dentro do universo das cervejas artesanais, Curitiba tem se destacado cada vez mais. Não é à toa que no livro "As 100 Melhores Cervejas Brasileiras", do cervejeiro Maurício Beltramelli, nada menos do que 24 cervejas paranaenses aparecem entre as 100 (sendo que apenas uma dessas - Insana, de Palmas, não é feita em Curitiba ou na sua região metropolitana).

Diante desse cenário, parte do espaço virtual do presente blog será usado para desvendar o mundo das cervejas artesanais em Curitiba e região, identificando além das suas cervas, o histórico de cada cervejaria e seus os atores. Quem já está habituado a esse universo, muito provavelmente já conhece as mais famosas tais como a Bodebrown, a Way, a Klein ou ainda a Bier Hoff (talvez uma das mais antigas).

Mas gostaria de iniciar falando de uma cervejaria menos conhecida, com produção ainda em menor escala, mas que definitivamente caiu no gosto não só deste que aqui escreve, mas de todos que já a conhecem. Trata-se da Turbinada, que há poucos meses instalou sua primeira unidade (chamada Beer Store) na região entre Bom Retiro, Vista Alegre e Pilarzinho, norte de Curitiba. Para quem, como eu, mora e trabalha naquele lado da cidade e é um apaixonado pela cerveja artesanal, a abertura da Turbinada na região teve um papel estratégico, me poupando ter que cruzar a cidade para abastecer meu growler. Contando com garrafas (para levar ou tomar), copos, growlers (vidro ou inox) e outros souvenires cervejeiros, o destaque fica por conta das seis torneiras na trave que servem tanto pra encher os copos de quem quiser tomar no pequeno e aconchegante espaço, como também para encher os growlers de quem quiser levar pra casa.

Eu, que antes da inauguração dessa Beer Store tinha degustado uma garrafa da Turbinada (IPA no caso) apenas uma vez, tratei logo de me aprofundar nas suas características e posso dizer que acabei me tornando um cliente assíduo, curioso para descobrir a sua origem e aqui compartilhar.

Campagnolo e Sil junto da trave
A sua história começou, efetivamente por volta de 2012, 2013, quando um grupo de amigos decidiu fazer sua própria cerveja. Depois de passarem um tempo “namorando” um curso na Bodebrown, mas sem efetivamente fazerem, um deles, Campagnolo entrou em contato com Jacir Cavalheiro (1), o mestre cervejeiro da Bier Hoff e solicitou ajuda. Jacir topou, providenciou todo equipamento (passou a conta depois, obviamente) e agendou um domingo cedo na casa do próprio Campagnolo para fazerem a primeira cerveja artesanal do grupo, no caso uma IPA. Depois dessa primeira experiência, Campagnolo e sua turma se animaram e voltaram a fazer outras levas de cerveja artesanal no quintal de sua casa.  A produção ainda era pequena e buscava atender apenas o consumo deles mesmo.

Cartaz com os 5 amigos que iniciaram 
Com o passar do tempo, cada um foi seguindo seu rumo, mas Campagnolo resolveu seguir em frente, fazendo cursos (na Bodebrown) e ampliou gradativamente a produção. O curioso é que os outros quatro têm ascendência alemã (Lisenberg, Schimmel, Deger e Weihermann) e quem ficou tocando o projeto foi justamente o “italiano” do grupo (de quem poderia menos se esperar que virasse um produtor de cerveja). O nome surgiu de uma brincadeira entre amigos que achavam a cerveja forte, ou seja, era “turbinada”. O nome pegou e foi adotado.

Com uma produção cigana, há algum tempo a Turbinada deixou de ser produzida no quintal da casa de Campagnolo e da sua companheira Sil e inicialmente fizeram algumas brassagens na Bodebrown. Depois se transferiram para a Swamp e atualmente produzem na Swamp e na Bier Hoff.

Fiel à filosofia dos bons cervejeiros artesanais, em sua Beer Store, além de sempre terem disponíveis duas ou três torneiras com suas cervejas (uma Pilsen, uma Weiss e ainda um outro estilo), a Beer Store da Turbinada reserva as torneiras restantes para seus colegas cervejeiros da Swamp, da Bodebrown, da Ignorous entre outras.

Além de uma Pilsen, que eu diria que está entre as melhores dentre as artesanais (esse estilo que acabou sendo injustamente renegado, pagando o preço pelo fato das Standard Lagers usarem sua denominação), de uma Weizen e Blond Ale(essas quase sempre disponíveis nas torneiras), a Turbinada apresenta ainda garrafas Stout, IPA entre outras. O destaque, na minha opinião, fica por conta da Turbinada Retrô Beer Palo Santo, uma Strong ale (estilo inglês), com alto teor alcoólico (entre 8 e 12%), forte, com muita personalidade. Literalmente, uma cerveja turbinada para ser degustada gole a gole. Espetacular. 

Alguns estilos disponíveis, com o destaque Palo Santos no canto direito

Como não tem cozinha no local, a Turbinada mantém uma parceria com o Schmmel (de um dos cinco amigos cervejeiros citados anteriormente), bar alemão situado a poucos metros, que serve seus pratos para os clientes na cervejaria. 

Ah...e como som ambiente, um bom e velho rock’n roll da melhor qualidade, muitas vezes proveniente de velhos vinis na vitrola local. Tudo isso com um atendimento familiar que te deixa em casa.

Embora recente, a Turbinada vem desempenhando um importante papel na difusão da cultura cervejeira. Sem a pretensão de crescer, quer mesmo ser conhecido como a cervejaria do Pilarzinho, ao melhor estilo da campanha #bebalocal. Que essa cervejaria tenha vida longa! 

Notas: (1) A história da Bier Hoff e do seu mestre cervejeiro que influenciou a emergência de outras cervejarias merecerá uma postagem específica posteriormente.