segunda-feira, 6 de março de 2017

Opa! Tem cerveja artesanal até no Psicodália

Ipa da Opa Bier, degustada no Psicodália em copo durável

Nesse carnaval estive no Psicodália, festival multicultural que ocorre anualmente em uma fazenda no pequeno município catarinense de Rio Negrinho, divisa com o Paraná. Trata-se de um evento único, onde mais de 6000 pessoas abrem mão de qualquer luxo para acampar em um ambiente de paz, respeito e harmonia. Contando com mais de 50 shows, que vão desde artistas promissores como Grand Bazaar e Francisco El Hombre, até outros bem consagrados como Ney Matogrosso e Erasmo Carlos, o festival ainda conta com outras atividades como uma tirolesa, uma trilha para bela cachoeira, um lago, cinema, teatro e oficinas das mais diversas atividades.

Além de práticas diárias de yoga, tai chi chuan e kung ku, havia ainda oficinas relacionadas com bem estar, como bordados, biodália, hambúrguer caseiros e....cerveja artesanal (entre outras). Como carnaval e cerveja têm tudo a ver, minha ideia inicial era aproveitar minha estadia lá para fazer essa oficina de modo a obter pegar dicas interessantes, fazer novos contatos e repassar a experiência para os leitores do blog. As informações básicas sobre a oficina podem ser vistas aqui: http://www.psicodalia.com.br/atracao/cerveja-caseira-sem-complicacao/ Entretanto, com número limitado de vagas, eu não consegui em inscrever a tempo e acabei perdendo a oficina. Uma pena, mas a vida que segue e fui atrás das cervejas que tinham disponíveis

Como se tratava de um evento multicultural mais alternativo, não havia aquela figura de patrocinadores, tão comuns em shows e outros espetáculos do gênero, normalmente implicando em monopólio de marcas do grande capital, impostas ao público. Desse modo, mantendo o espírito do festival, o Psicodália não tinha qualquer restrição em relação à entrada de alimentos e bebidas. Mais um ponto positivo para o festival, pois pude levar umas cervas que bem entendesse.

Dentro do espaço comercial do Psicodália (bares), entre as cervejas disponíveis tinha Heineken em lata e chopes da Opa Bier. A Heineken eu considero uma das melhores alternativas dentro do escopo das American Standard Lagers mais comerciais por não ter os tais “cereais não maltados” que transformam a cerveja em algo insosso e sem sabor. Mas não é dessas cervejas que vou abordar aqui, obviamente, pois não teria muito a acrescentar.

Quero aproveitar para falar da opção de cerveja mais artesanal que tinha por lá: a Opa Bier. Trata-se uma cervejaria artesanal originária de Joinville (SC), a 90 km do Psicodália, que iniciou suas atividades em 2006 e cresceu muito nos últimos tempos. Atualmente, pode-se dizer que a Opa exerce um certo protagonismo não só em Joinville, mas em todo estado de Santa Catarina.

Dentre as três opções disponíveis no festival pela Opa (Pilsen, IPA e Porter), acabei optando pela Ipa. Embora não tenha um amargor tão acentuado como outras do mesmo estilo, o resultado não decepcionou, pois seu final mais maltado do que outras IPAs acabou combinando bem com o calor que estava fazendo, tornando-a mais leve e refrescante. Dentro do espírito proposto para o festival, para evitar utilização de copos descartáveis, cada um adquiria seu próprio copo durável para usar o tempo inteiro (ver foto). Enfim, foi ótimo contar com cerveja desse naipe em um festival localizado em local mais isolado, apesar do preço não ser dos mais atraentes (R$ 13,00 o copo de 350 ml).

Em seu site, entre outras informações interessantes, a Opa se apresenta como a cervejaria que buscou resgatar a tradição cervejeira da cidade, apresentando um breve histórico de outras cervejarias artesanais na história de Joinville. Devido à sua colonização alemã, há uma certa tradição em cervejarias na cidade, que teria se iniciado em 1852, com a Schmalz, considerada a primeira cervejaria artesanal de Santa Catarina. Essa cervejaria pioneira utilizava milho em sua composição devido à dificuldade de se plantar cevada por aqui ou de importar a matéria prima naquela época. Ainda no século XIX, surgiram outras na cidade, como a Kuhne, a Berner (originalmente Rischbieter Brauerei de Blumenau) e a Tiede. Já no século XX, surgiu a Catharinense, posteriormente vendida para a Antarctica.

Além de recuperar histórico de antigas cervejarias joinvillenses, o site da Opa ainda disponibiliza um blog com informações interessantes relacionadas à cerveja, como escalas de amargor, harmonização, além de histórico de suas cervejas. Vale a pena um passeio por lá.

Cervejaria Opa no Pórtico  [1]
Atualmente, a Opa pode ser encontrada em diversos locais não só em Joinville, mas em todo estado de Santa Catarina. Eu, que tenho família em Joinville, já conhecia há algum tempo e, mais recentemente, pude conhecer um dos seus bares, que está localizado no Pórtico de entrada da cidade. Mostrando-se antenada, recentemente ela implementou containers com torneiras acionadas automaticamente com cartões pré-pago, chamados de Opa-Card, tal como a Bodebrown também faz em Curitiba.

Depois do sucesso da Opa, Joinville tem experimentado um boom cervejeiro e outras artesanais tem surgido por lá, como a excelente Mad Dwarf, com uma vastíssima carta de cervejas que pude experimentar recentemente, levado por minha irmã e meu cunhado (cervejaria que merecerá uma postagem específica). 

Enfim, Joinville tem se tornado outro polo cervejeiro. Diante do crescimento da produção e distribuição da Opa, o maior desafio agora é que ela consiga manter as características e a qualidade de uma boa cerveja artesanal. Vamos torcer! 


Nota: [1] Foto obtida em to obtida em http://worldwide.chat/DJ_Sunset-Bar_da_F%C3%A1brica_OPA_Bier-12_08_2016/K5jk7NK7gR0.video

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