sábado, 11 de março de 2017

O Festival Brasileiro de Cervejas e as ACerVas

Banner do Festival Brasileiro da Cerveja (fonte: http://festivaldacerveja.com/sistema/)

Nessa semana foi realizado o Festival Brasileiro de Cerveja em Blumenau, que está se encerrando hoje, 11 de março.Trata-se de um dos maiores eventos cervejeiros da América Latina e a escolha de Blumenau não poderia ser mais adequada, já que essa cidade catarinense, colonizada em grande parte por imigrantes alemães, foi uma das primeiras cidades a contar com fábricas de cervejas, sendo que há registros de que, em 1880, já contava com nove unidades e desde então despontou como uma espécie de capital nacional da cerveja. Não é a toa que a versão brasileira mais famosa da Oktoberfest é realizada ali.

Neste Festival (que infelizmente eu não pude comparecer), os presentes aproveitam para não apenas degustar o que há de melhor do universos das artesanais de diversos estados brasileiros, como também para trocar ideias com mestres cervejeiros ou com outros apreciadores, além de fazerem cursos diversos.

Destinado exclusivamente às microcervejarias e às artesanais (sem presença das grandes fábricas como Ambev, Brasil Kirin, Heineken e Petrópolis), esse evento acaba adquirindo uma importância ainda maior no meio e contribui para a difundir ainda cultura cervejeira.

Nos primeiros dias, foi realizado um concurso anual que contou com mais de 2000 rótulos inscritos, de cerca de 330 cervejarias, divididas em mais de 140 estilos diferentes que foram submetidos à apreciação de 60 jurados (metade estrangeiros, totalizando 20 países diferentes).

Embora os estados do Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e São Paulo tenham conquistado o maior número de medalhas, merece destaque o fato de que 12 estados diferentes (de todas as regiões do Brasil) conquistaram alguma medalha.

Na categoria geral, o primeiro lugar ficou com a Tupiniquim (de Porto Alegre, RS), seguida pelas curitibanas Bodebrown e Bier Hoff. No Paraná, onde resido, foram 47 premiações. Entre a quantidade de cervejas premiadas, podemos destacar a Bodebrown (com 11 rótulos), a Bier Hoff (9), a Morada (5), a Way (4),a Ogre Bier (3) e a Wensky (2), além de outras como a Swamp e a Asgard que também tiveram cervejas premiadas.

Número de medalhas por Estado (fonte: http://festivaldacerveja.com/concurso/downloads/Resultado_2017.pdf)

Além desse concurso, ocorreu ainda uma Feira voltada para profissionais do ramo, com mais de 50 expositores de insumos e equipamentos do mais diversos, distribuídos em uma área de 5000 m2.

No último dia ocorreu ainda um encontro de cervejeiros caseiros das ACervAs, as associações de cervejeiros artesanais de diversos estados. Tratam-se de organizações sem fins lucrativos criadas com o objetivo de reunir cervejeiros domésticos para trocarem ideias, receitas, aprendizados ou ainda para que consigam maior poder de barganha para aquisição de insumos e equipamentos (BELTRAMELLI, M. 2014). As ACervAs se organizam por estados e agregam, basicamente, aqueles cervejeiros que realizam a brassagem em panelas em suas casas, de modo mais rústico. Amadores (no sentido de que não dependem das suas cervejas para sobreviver), normalmente os cervejeiros caseiros são apaixonados pela brassagem e não relutam em participar de encontros, fazer cursos, e ler bastante a respeito.

Drakkar, na Noite das Artesanais
A primeira ACervA que se têm registro foi a ACervA Carioca, constituída em 1996 por 18 cervejeiros (homebrewers) e desde então passou a organizar concursos e encontros. Em fevereiro deste ano, estive em um encontro denominado "Noite das Artesanais" promovido pela ACerva Paranaense, no Drakkar, uma importante cervejaria em Curitiba. Lá tive o prazer de conhecer alguns dos cervejeiros caseiros, degustar diferentes cervejas oferecidas e ainda conhecer um pouco a estrutura da sua organização. A ACerva-PR tem realizado eventos dessa natureza constantemente visando difundir as cervejas artesanais. 


O próximo evento será o IV Concurso Sul Brasileiro de Cervejas Caseira, a ser realizado entre os dias 28 a 30 de abril. A importância da ACerVa na difusão da cultura cervejeira é tão grande que pretendo abordá-la ainda em outras postagens.

Esses cervejeiros caseiros associados ou não nas ACerVas acabam se diferenciando daqueles que já possuem uma fábrica própria, os quais podemos chamar de microcervejarias, que embora não deixem de ser artesanais, possuem uma capacidade de produção e distribuição maior. Um bom exemplo das microcervejarias é justamente essas que citei entre as que foram premiadas no Festival da Cerveja, como as curitibanas Bodebrown, Morada e Way. No Paraná, as microcervejarias possuem uma associação própria, denominada Procerva - Associação das Microcervejarias do Estado do Paraná, que busca fortalecer a representativa do setor no mercado brasileiro.

Que essas associações continuem firme no trabalho de difundir a cultura cervejeira, seja em simples encontros, seja em concursos nacionais como este récem encerrado em Blumenau. A revolução artesanal passa por isso. 








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