domingo, 7 de maio de 2017

Belém com sabor de cerveja: Amazon Beer

Red Ale Priprioca, da Amazon Beer

Eu te procuro porque
Você me leva à loucura
Quando você me beija 
Com esse corpo suado e essa boca molhada 
Com sabor de cerveja.. 
(Louco Desejo, música de Dona Onete)

Recentemente tive a oportunidade de assistir um show de Dona Onete, cantora paraense de carimbó chamegado. Trata-se de uma professora de história aposentada descoberta pelo grupo Coletivo Rádio Cipó, quando já tinha mais de 60 anos. Passou então a ser protagonista de músicas e gravou seu primeiro álbum em 2012, com 72 anos e agora, aos 77, está no auge da carreira após gravar o excelente disco Banzeiro. Pegando as palavras do Xico Sá, "moçada, mire-se no exemplo de Dona Onete, 77 anos de peleja, ciência da vida e carimbó chamegado".

Para mim, Dona Onete foi mais uma gratíssima surpresa cultural vinda do Pará, que se junta a artistas como Felipe Cordeiro, que no clipe da música Legal e Ilegal ironiza a cerveja de "flocos de milho" (ver clipe abaixo), só para citar alguns mais conhecidos músicos que atualmente tem contribuído para confirmar o momento extremamente feliz que atravessa esse estado nortista do país.


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Opa...pera lá...esse blog não é destinado à divulgação de cervejas artesanais? Por que estaria eu aqui falando de música paraense além do clipe de Felipe Cordeiro ou da letra suingada de "Louco Desejo" da Dona Onete?

Pois é, no caso, a música paraense entrou aqui como introdução à descoberta pessoal não só em relação à música, mas também à cerveja, que fiz há exatos dois anos quando estive pela primeira vez em Belém do Pará.

Até então, minha referência de cerveja paraense era a velha Cerpa, fundada em 1966 por um imigrante alemão. Lembro que nos anos 1980, observava meu pai elogiando aquelas pequenas garrafas de Cerpa Export, uma cerveja  denominada "premium" obtida a duras custas que, naquela época, se diferenciava das Brahmas e Artacticas que dominavam o mercado. Mas eram outros tempos...

Chegando em Belém, descobri que o universo cervejeiro de lá vai muito além das Cerpas (sem desmerecê-las). Na moderna Estação das Docas, ao lado do famoso mercado de produtos e especiarias do Ver-o-peso, há uma microcervejaria que comprova que a revolução artesanal em andamento chegou também até a região amazônica.Trata-se da Amazon Beer, nome escolhido a dedo com alto poder de marketing. Junto com alguns de seus tanque de fermentação funciona um bar com um visual incrível e ambiente acolhedor.

Segundo o empresário responsável pela Amazon Beer, Arlindo Guimarães, o projeto teve início em 2000, quando ele percebeu o sucesso desse movimento de cervejas artesanais nos EUA e viu exemplos bem sucedidos em diferentes pontos do Brasil como a Dado Bier e a Via Continental. Diante desse cenário, resolveu levar essa experiência para Belém, apostando em produzir cervejas não só com qualidade e diversidade das artesanais, mas introduzindo frutos, raízes e ingredientes regionais da Amazônia, personalizando suas cervejas.

IPA Cumaru, dugustada na Estação das Docas (Belém, PA)
Em toda estadia em Belém, experimentei diversos estilos de cervejas por lá e ainda trouxe algumas garrafas para degustar em casa. O site da Amazon Beer divulga sete estilos disponíveis: Stout Açaí, River Lager, Forest Pilsen, Forest Bacuri, Witbier Taperebá, Red Ale Priprioca, Cupulate Porter e Imperial IPA. 

Na época eu experimentei ainda a IPA Cumaru (que infelizmente parece que foi descontinuada). Tratava-se de uma IPA com adição de Cumaru, uma substância conhecida como "baunilha da Amazônia" que combina bem com o amargor caraterístico de uma IPA. Tinha uma coloração entre o dourado e o âmbar, límpida, e contava ainda com um leve aroma caramelado (ver foto acima). 

A Stout Açai também surpreendeu ao combinar bem o energético açaí com o malte tostado característico do estilo, resultando em uma cerveja que embora fosse forte, com 7,2 de teor alcóolico, caia bem até mesmo no calor paraense. Em 2014 recebeu o título de cerveja do ano no Festival de Blumenau.

Witbier Taperebá, trazida para Curitiba
Destaco ainda a Witbier Taperebá, famoso estilo belga de cerveja de trigo com notas cítricas e condimentadas, que, no caso da Amazon Bier, acresceta Taperebá, conhecido também como Cajá, aumentando a sua refrescância, Esta cerveja ganhou medalha de ouro no South Beer Cup, além de ter faturado medalha de bronze na categoria Fruit Wheat Beer no V Concurso Brasileiro de Cerveja disputado em Blumenau.

Nesse importante concurso, a Amazon Beer ainda recebeu medalha de prata na categoria French & Belgian Style Saison  pela Saison Puxuri, desenvolvida em parceria com Pete Slosberg, Fal Allen (da Anderson Valley) e Sean Paxton com adição de Puxuri, uma especiaria da região amazônica. Essa experiência foi registrada em um vídeo, que relata um pouco sobre a história da Amazon Beer:  



  
Outra medalha de prata obtida foi coma Forest Bacuri, no estilo Brazilian Beer com frutas. Com todo esse sucesso, atualmente conseguem levar suas cervejas para outros cantos do país. Em Curitiba, por exemplo, a Bodebrown (cervejaria que merece postagem específica), disponibiliza as preciosidades  da Amazon Beer em sua loja.


Enfim, percebe-se que assim como na música, Belém do Pará tem nos brindado com excelentes cervejas artesanais, graças às inovações da Amazon Beer. Afinal, Belém é muito mais do que flocos de milho com cerveja no velho punk, como diria Felipe Cordeiro.




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