Michael Jackson, o caçador de cerveja (não confundir com outro) [1] |
Para quem tem alguma dúvida de que cervejas artesanais estão realizando uma verdadeira revolução, basta observar como esse tema tem sido cada vez mais retratado em filmes e documentários.
Provavelmente o marco nesse
processo tenha sido o The Beer Hunter
(O caçador de cerveja) que Michael Jackson fez em 1989 para o Discovery
Channel. Obviamente não estamos falando aqui do rei do pop mundial, mas sim
outro, inglês, ícone do mundo
cervejeiro. Autor de diversos livros sobre cerveja, a começar com o best-seller (nunca traduzido em português) The World Guide to Beer, o primeiro guia
que abordou o tema, publicado em 1977, Michael Jackson viajou o mundo atrás de
segredos de cervejas e acabou desempenhando um papel fundamental para a
valorização de diversos estilos e de cervejas locais.
The Beer Hunter, disponível inclusive legendado no YouTube (www.youtube.com/watch?v=IvAsgugPbCE&t=946s), possui
seis episódios, cada um abordando as particularidades de cervejas de alguma
região do mundo. No primeiro, em visita à Bélgica, apresenta o universo das
Lambics, cervejas de fermentação espontânea. No segundo, ele explora a tradição
cervejeira da Baviera, na Alemanha. No terceiro, ele explora o país com maior
consumo per capita de cerveja do mundo: a República Tcheca (na época ainda como
Tchecoslováquia), onde desvenda, entre outros segredos, a tradicional fábrica
da Pilsner Urquell. No quarto visita o Monastério de Koningshoeven, único
produtor de cervejas Trapistas situada na Holanda. No quinto episódio, Michael
Jackson cruza o Atlántico e vai para a Califórnia, investigar a Anchoer Steam,
verdadeira jóia rara das cervejarias artesanais. E no último episódio, ele
retorna à Inglaterra para o evento anual que serviu de inspiração para o
renascimento das tradicionais real ales ingleses.
Embora seja um documentário com
quase 30 anos, acabou desempenhando um papel fundamental para a valorização da
cultura cervejeira. Falecido em 2007, dois anos antes do ídolo da música pop, Michael Jackson (o cervejeiro) foi certamente umas das figuras mais marcantes da história do mundo das cervejas.
Para não ficar atrás, a National
Geographic também resolveu investir em documentários sobre cerveja, mas optou
pelo caminho oposto: optou por documentar duas gigantes do mundo em uma série
chamada “Megafactories”: a irlandesa Guinness e a holandesa Heineken. Sem ser tão
interessante como a série com Michael Jackson, o documentário da National
Geographic acaba apelando para cervejas mais comerciais (www.dailymotion.com/video/xs8bod_national-geographic-megafactories-heineken_tech).
Cartaz de "Como a Cerveja Salvou o Mundo" [2] |
Outro documentário interessante e
bem-humorado é “Como a Cerveja Salvou o
Mundo” (www.youtube.com/watch?v=xO53rQ9nqQs), produzido pela Discovery Channel também. O filme faz uma viagem pela história da humanidade para demonstrar
que, em vários momentos, a cerveja desempenhou um papel fundamental. O primeiro
feito da cerveja foi dar condições para que os humanos se fixassem em algum
local, já que o objetivo da revolução agrícola que permitiu que se cultivasse
grãos como a cevada seria a produção da cerveja e não o pão. O pão que seria
uma cerveja sólida (e não o contrário como dizem por aí). Em seguida, são
relatadas a influência direta da cerveja em outros momentos cruciais, como a
escrita (uma forma para perpetuar receitas de cervejas), a substituição da água
infectada durante a idade média, o processo de pasteurização, a refrigeração e
até mesmo a indústria moderna, entre outros. Exagero ou não, o fato é que o
documentário, além de entreter, serve como ótima justificativa para que a gente
continue a louvar a cerveja nossa de cada dia.
Recentemente, a Netflix
disponibilizou em seu cardápio, no meio de séries e filmes que chamam atenção
do grande público, “Novos Mestres Cervejeiros” (do original em inglês “Crafting a Nation”), que aborda o
universo e os bastidores de cervejeiros artesanais em diferentes cidades dos
EUA, documentário esse que já foi abordado no Revolução Artesanal.
Um dos muitos casos relatados nesse
documentário refere-se à cervejaria Schlafly, que em 1991 teve a audácia
(digamos assim) de se estabelecer em Saint Louis (Missouri), cidade que serviu
de porta de entrada do meio-oeste americano, onde funciona a sede mundial da
Budweiser (hoje Anheuser-Busch InBev – AB InBev, a gigante do setor de
dispensa apresentações).
Por trás desse confronto Schlafly
x Anheuser-Busch InBev, podemos identificar uma verdadeira guerra em curso
entre as microcervejarias e a grande indústria cervejeira. Esse cenário é bem
retratado também no documentário “Beer
Wars”, dirigido por Anat Baron, que apresenta provas de ação de lobistas para
prejudicar as cervejarias artesanais. Embora se passe nos EUA, certamente retrata
questões muito familiares ao universo cervejeiro local.
No Brasil, particularmente, o
caso da histórica cerveja Canoinhense, talvez uma das artesanais há mais tempo
no mercado foi objeto do curta “Cerveja Falada” (www.youtube.com/watch?v=YaNWFGVns60), que relata a história de Rupprecht
Loeffler (conhecido como "Seu" Lefla), mestre cervejeiro com 93 anos de idade na época do documentário. Uma
verdadeira viagem no tempo que merece uma postagem especial assim que eu
experimentar suas cervejas como “Nó de Pinho” ou “Jahu”.
Cartaz do Curta "Cerveja Falada" [3] |
Por fim, esses documentários trazem
histórias de vida que podem servir de inspiração para cervejeiros caseiros
seguirem em frente. Parafraseando a canção do Cordel do Fogo Encantado que
serviu de tema para o filme “Lisbela e o Prisioneiro”, cerveja é filme (....eu sei
pelo cheiro de malte e lúpulo que dá quando a gente toma).
Notas:
[1] Imagem acessada em http://philly.thedrinknation.com/articles/read/6614-Kick-in-a-Few-Bucks-for-the-Michael-Jackson-Beer-Hunter-Movie
[2] Imagem acessada em http://www.imdb.com/title/tt1832368/
[3] Imagem acessada em https://www.youtube.com/watch?v=65VfM6X43Aw
Nenhum comentário:
Postar um comentário